terça-feira, 17 de maio de 2011

Jogo

Sou peça solta de um jogo antigo. Brinco no sorriso quando o choro me aperta. Corro contra o vento na esperança de sentir a brisa. Salto para o horizonte porque o céu fica mais perto.
Do encanto dos sentidos saliento o teu cheiro, perfume puro que me inunda e quer matar. Esse cheiro torna-me nessa peça solta, faz-me sorrir e chorar, faz-me querer sentir a brisa, faz-me saltar a acreditar que posso tocar no céu.
Esse cheiro é um jogo, um aperto, vento forte, horizonte inatingível. Por mais que jogue, por mais que sorria, chore, por mais que corra ou salte…
Saltei e não alcancei o céu…

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Todos os dias...

Sou um pedaço de cada um daqueles de quem gosto. Sou uma miscelânea de cores, cheiros, palavras, sons, lágrimas e gargalhadas. Sou mil numa, sou tudo numa só. Quero-me manter fiel a quem me faz todos os dias.
Bebo aquilo que me dão a beber através do vosso olhar, do vosso sorriso, das vossas mãos. E assim mato uma sede que pode matar por dentro. Obrigada por me matarem a sede todos os dias!
E assim, todos os dias, torno-me mais eu. Porque eu sou um bocadinho vosso, um puzzle que vai juntando as peças cada vez que esta convosco.
Estou rodeada pelas melhores pessoas do mundo: Dizer que vos amo é pouco…
TODOS OS DIAS!

domingo, 24 de outubro de 2010

era uma vez...

Era uma vez menina que acreditava viver num mundo encantado.
Para ela tudo era bonito e reluzente. Passava as aulas a desenhar estrelinhas e coraçõezinhos, passava as horas a cantar e a escrever no diário, passava os dias a imaginar como seria o seu Príncipe Encantado.
Era uma vez um Lobo Mau que vivia na floresta sombria. Diziam que era muito mau e que as meninas que acreditavam viver num Mundo Encantado não se podiam aproximar dele!
Por várias vezes tinham avisado a menina de que era perigoso ir à floresta e se por acaso se cruzasse com o Lobo Mau, que fugisse o mais depressa possível!
Uma vez a Menina que vivia no Mundo Encantado quis ir à floresta.
Quando viu o Lobo Mau não se assustou e foi falar com ele. Conversaram e conversaram e tornaram-se grandes amigos.
O Lobo Mau afinal era bom e a menina viu que o mundo em que vivia não era assim tão encantado! Se fosse não lhe tinham dito para não ir à floresta, teria conhecido o Lobo Mau há mais tempo, teria vivido aquela amizade durante mais tempo.
Um dia a Menina convidou o Lobo Mau a conhecer o seu Mundo. Ele entrou e lá ficou.
Era uma vez uma Menina e um Lobo Mau que não viviam num Mundo Encantado. Era uma vez uma Menina que não ligou ao que lhe tinham dito. Era uma vez uma Menina e um Lobo Mau que ficaram amigos para sempre.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ahaahah, ou como se diz agora "lol"

Rimo-nos às vezes sem razão. Somos iludidos pelo sorriso de quem está ao lado na tentativa de nos elevarmos à sua felicidade. Rimos por simpatia, por solidariedade, por empatia, porque “se pegou”.
Às vezes num sorriso estão marcas profundas de uma tristeza fria, crua, pura. Escondemos… Porque mais do que querer ser, queremos parecer felizes. A infelicidade é tida como uma inaptidão nata do indivíduo que é infeliz em relação às ambições de hoje: “Ser feliz…”.
Quem sorri demais esconde muito. Será preciso sorrir para se ser feliz?
Sim, é claro que sim…! Porque por mais tristes que estejamos o simples acto de sorrir, rir à gargalhada, extravasar os limites da decência no que toca ao riso, torna-nos mais felizes. O sorriso aquece-nos, conforta-nos.
No entanto o sorriso usa muito mais do que os lábios: Os dentes, as bochechas, a testa, os olhos… Os olhos... Espelho da alma como se diz!
O sorriso é uma máscara com a parte dos olhos recortada. Podemos sorrir, rir até, mas quando escondemos algo, quando estamos tristes esses dois buraquinhos não tapam nada… Mostram, fazem transparecer tudo!
Eu preciso de uma máscara para os olhos!
adoro o teu sorriso...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Corte e costura


Quando nos espetam facas no coração, daquelas facas que não matam, e percebemos aquilo que de facto está lá dentro, dói. Porque as facadas doem, são duras e rompem aquilo que de mais precioso temos: a nossa paz. As horas já não trazem a fome e a noite deixa de trazer o sono. Aquela luz que existia deixou de brilhar e somos postos à prova.
Essa prova de resistência torna-se mais dura do que horas a correr, em que as marcas do cansaço se reflectem exteriormente. Depois dão-nos tempo para descansar… Esta prova de que vos falo não se reflecte na cara (pode-se até reflectir, mas não é tão evidente). As marcas que deixa só nós as sentimos e temos que encarar as nossas obrigações como se nada fosse.
Essas facadas não se tornam justificação de faltas na faculdade, não estancam com compressões manuais directas ou indirectas, não existe analgésico que faça com que a dor passe.

Não há nada a fazer, a não ser pôr as mãos no bolso e andar em frente…                                 
“Mas lembra-te se um dia mais ninguém quiser saber de ti, eu ainda aqui vou estar, estúpida, burra e teimosa por continuar a gostar de ti.”

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Presente passado

A porta ao fundo abriu-se. Andou uns passos acompanhada pelo ranger da madeira antiga até chegar à cozinha. A luz era muita, vinha da janela e da porta que dava para o jardim. Já não entrava naquela casa há 20 anos. O tempo apoderou-se dela, mas não lhe conseguiu tirar a magia e vivacidade de outrora. Lembrava-se de tudo, das brincadeiras, dos jogos, da avó a chama-la para fazer o bolo. Os cheiros e as cores que se lhe acumulavam nos sentidos eram os mesmos.
A luz da rua convidou-a a sair e ela aceitou. Passeou por uns momentos ao mesmo tempo que recordava as aventuras que lá viveu. O baloiço de corda ainda lá estava. Sentou-se por baixo da árvore grande e lá ficou uns tempos a ouvir os pássaros e a sentir a brisa.
O tempo passou e levou o sol. Os pássaros recolheram, a brisa deixou de ser agradável. Estava na hora de voltar.
Entrou noutra porta e viu a sala. O avô sentado à lareira estava à espera de lhe dar colo e de lhe contar a história do dia. Do outro lado estava a mesa de madeira com as 8 cadeiras onde uma vez tropeçou e partiu a cabeça. O aparador com as taças e garrafas de cristal mantinha o espelho por cima. Olhou para ele e reflectiu uma mulher. Quem era? Nunca a viu. Há dias ouvira dizer que o futuro ia ser diferente, rápido na sua chegada.
O futuro misturou-se com o presente e com o passado e ela não tinha dado conta disso… Uma lágrima escorreu. O presente que amava transformou-se num passado vivo. O futuro era agora, não sabia como.
Agora só restavam as paredes e as lembranças. Tinha que sonhar, tinha que lá voltar, as saudades eram muitas…

domingo, 17 de outubro de 2010

O meu bolso

É onde pomos as mãos quando está frio...
Quando a pressa de continuar nos impede de guardar o troco na carteira o bolso acolhe o seu tilintar. É onde guardamos aquela nota que nos dão e a encontramos meses depois, quando já não nos lembramos dela.
Aquela flor que me deste, guardei-a no bolso.
É onde me conforto, as mãos são aquilo que de mim dou aos outros. Quando as quero só para mim guardo-as no meu bolso.
No meu bolso cabe tudo! Rompeu-se e despejou o que tinha para aqui… O meu bolso, o meu mundo.